quinta-feira, novembro 30, 2006

[Qatar] - Pela porta do cavalo, ao estilo de Beirute

Serge é o meu novo amigo libanês.

Foi na sua companhia e através dos seus contactos com a "famiglia libanesa" que consegui ontem assistir ao ensaio geral da abertura dos jogos asiáticos...

Serge havia recebido uma chamada de um amigo libanês durante a hora do almoço, o qual ele não via já à muito tempo. O sujeito explicou-lhe que estava a trabalhar na organização dos jogos asiáticos e que lhe iria oferecer um convite duplo para o dito ensaio...
Saímos da Q-Tel por volta das 18h30, e fomos a toda a velocidade até à Sport City, a "cidade" recentemente criada para albergar o evento...pois as portas já haviam fechado às 18h...
Ao chegarmos lá, deparámo-nos com uma multidão bastante heterógenea, enfurecida por não ter conseguido entrar, ainda que com bilhetes.
Ao falar novamente com o seu "contacto" libanês, foram-nos dadas instruções de nos afastarmos da multidão, e dirigirmo-nos a um local próximo, mais discreto.

Ao chegarmos ao terreno baldio, no seu mais natural ar, o amigo libanês estava a vestir uma farda da policia local dentro de um jipe policial (!!)...

Berchote tinha tudo para ser um tipo saido dos filmes de holywood, a sua expressão constante era um misto de galã de cinema com "o tipo que se safa sempre", via-se que vivia para fazer estes filmes rebuscados e que tomava especial prazer pela clandestinidade controlada. Disse-nos para entrarmos no jipe e mantermos uma postura séria e em nenhuma circunstância falar árabe (como se conseguisse...), ligou as luzes azuis rotativas, e lá fomos nós, a escoltar uma parada de cerca de uma centena de cavaleiros árabes, vestidos a rigor para participar na cerimónia...e entrámos sem ninguém perguntar nada, no meio do frenezim constante das comunicações rádio do aparato policial do evento...fomos deixados próximo da entrada principal do estádio... e este pequeno instante de história inesquécivel valeu pela noite inteira.

segunda-feira, novembro 27, 2006

[Qatar] - "Cabeças de Guardanapo"

Durante os poucos dias que já estive por aqui foi-me sendo a pouco e pouco transmitida a história por detrás deste ambiente.


Este é Hamad bin Khalifa Al-Thani, o Emir do Qatar. Desde que tomou posse em 1995, reformulou a mentalidade Qatariana, como da noite para o dia (ou no sentido inverso...dependendo da perspectiva). O seu pai defendia o "Wahhabianismo", uma vertente conservadora e purista do islamismo, interpretando o corão à letra, dificultando a inserção da cultura ocidental e o comércio com o oeste.

Hamad bin introduziu a exportação de petróleo e gás natural (recursos abundantes no país)...e usou parte dessa riqueza para atrair o resto do mundo a depositar conhecimento e tecnologia no Qatar.

Ser Qatariano pode significar uma de duas coisas:

- pertencer à numerosa familia do principe e ser-se estupidamente rico (falo de ter "Al-Thani" no final do nome), estes são os locais que são donos das empresas mais rentáveis (tachos oferecidos pelo principe?) e têm influência politica.
Contaram-me que chegam a stands de automóveis novos, e compram por exemplo: 2 hummers H3, 2 Touaregs e um ferrari...passados seis meses já espatifaram os carros (já vi por aqui porsches novinhos deixados ao abandono...completamente destruidos à beira da estrada empoeirada.

- Dar graças a Allah por, embora não ter "Al-Thani" no nome, ser-se Qatariano. O estado do Qatar patrocina todas as necessidades básicas (e algumas não básicas) aos nacionais... comida, despesas da casa, educação (mesmo que no estrangeiro...com direito a mesada para a renda da casa e mais uns bons cobres), saúde...e 1 milhão de dólares americanos no dia em que acabam a licenciatura, para "começar modestamente a vida"...é normal ver grandes mansões...milhares e milhares delas...alinhadas ao longo de onde antigamente ficava o deserto de cascalho e poeira, trocados agora por grandes avenidas, com 4 faixas em cada sentido...vida "à grande" e com espaço.

Por outro lado ser-se estrangeiro no Qatar não é mau de todo:

-Embora apenas uma infima percentagem dos estrangeiros a viver no Qatar se possam considerar "abastados", a esmagadora maioria (nepaleses, chineses, indonésios, indianos, Sri-lankas...entre outros que tais) tem aqui melhores condições do que no país de origem...aqui não há criminalidade (quando digo não há...é não haver nada mesmo), é normal ver carros de várias dezenas de milhar de euro abertos, com pertences e chaves lá dentro... o clima de autoridade intrasigente não permite "deslizes"... só a suspeita de crime dá origem a deportação imediata para o país de origem. É esta mão-de-obra barata e abundante que preenche 70% da população Qatariana, têm todos contrato de trabalho (sob pena de deportação "no-questions-asked", se forem apanhados sem um).

Ontem à noite, depois de um dia de trabalho no site da Qtel em Abou Hamour, voltei para o hotel às 21h. Por volta das 23h, saí de câmara em riste, caminhando pelas avenidas e com o plano de tirar fotografias que me ajudassem a descrever o lugar...



Esta é a principal razão porque estou cá: A transmissão de video por telemóvel dos asian games, que vão decorrer na cidade a partir de dia 1 de Dezembro (a preparação da cidade para este evento é impressionante...fizeram quarteirões inteiros de prédios com temas olimpicos, monumentos, estádios...)


Esta torre fica por cima de uma mesquita...está aberta de dia a toda a gente (não-muçulmanos incluidos)...não me hei-de ir embora de Doha sem ir lá acima tirar fotos.



Andei...andei...andei...

Pouco depois da 1h da manhã parei num ATM para arranjar dinheiro para um táxi de volta ao hotel...e foi então que ouvi pela primeira vez a voz de Maijab, num inglês com sotaque a roçar o rosnar de um camelo e um esbracejar próprio de quem se faz entender a um ser de outro planeta: "Where your car?", "you sport man?"...

Sorri para ele e tentei explicar-lhe o que estava ali a fazer e como tinha ali chegado...

Vinha num grande Buick, juntamente com um cabeça de guardanapo, o Kalhid, seu primo Qatariano.

Maijab é Saudita, faz parte, juntamente com Kalhid, da numerosa familia Al-Dosari, influente por toda a região...ele próprio tem um negócio de camelos negros na Arábia Saudita, e afirma que vive bem, uma vez que cada um dos seus camelos vale um milhão de dólares americanos (?!)...Ofereceram-me boleia e uma volta pela cidade, para ir tirar fotografias aos "best buildings", segundo palavras deles...

Na difícil conversa dentro do grande carro americano, Maijab tentou-me convencer que era um "jingle man" (?) ... depois de algum esforço conjunto, deu-me a perceber que queria dizer "jungle man"... e, meu amigo, ou estás com crises de identidade ou tens uma amazónia escondida no teu quintal e não dizes a ninguém.


Meet Maijab (o do pano avermelhado) and Kalhid:


E lá fomos nós...avenidas fora...à 1h30 da manhã, com o motor V8 a assobiar ferozmente...em busca de betão que fizesse boas fotografias.


amigos para sempre...


Sexta-feira já tenho programa com estes dois: uma ida ao deserto no jipe "GMC" de Kalhid...how cool is that?

sábado, novembro 25, 2006

[Qatar] - Plástico mundo Árabe


Sexta foi o dia todo a andar de avião...primeiro até Amesterdão, depois de amesterdão até Dhahran, e de Dhahran a Doha.

Depois de Amesterdão, o avião (um não muito pequeno A330) veio quase vazio...



Quiçá talvez por sorte...eis que a casa de banho tem um espelho para alimentar o meu narcisismo...por uma questão de "mera curiosidade": esta foto foi tirada no exacto momento em que sobrevoava Bagdad.



Ao olhar pela pequena janela do avião enquanto sobrevoava a arábia saúdita, deparei-me com uma visão espectacular...grandes chamas, provinientes das milhares e milhares refinarias de petróleo...a iluminar o solo negro como que velas... esta é uma imagem que tão cedo não irei esquecer...tenho imensa pena de não ser possivel fotografar aquele cenário devido à pouca luz e à velocidade do avião...

Cheguei a Doha já tarde...e o rapaz do táxi, indiano...chegado ao Qatar à dois dias não fazia puto de ideia onde ficava o hotel nem "tampouco" falar árabe..."estou bonito estou"...pensei...eram 23h30 quando fiz check-in no hotel. Duche, vestir e ala para a discoteca do hotel Marwar, que é a "loucura" da cidade, sendo a única a fechar à tardia hora de...3h30!

Nesta noite aprendi algo fabuloso...um sorriso e uns beijos na cara podem salvar vidas...esta malta é maluca.

FIM DE SEXTA FEIRA.

INICIO DE SÁBADO.

Acordei tarde...assim a atirar para as 10h, apanhei um táxi para "a zona pobre da cidade"...e eventualmente fui entrar na loja do Mohammed Ali, paquistanês (não gozo...é mesmo o nome dele). Sorriso para aqui sorriso para lá, ofereceu-me os direitos do seu sorriso sincero...e um leite com chocolate para o pequeno-almoço.



Ao pé da loja do Ali havia dúzias de "antros" como o salão Al Mazali, headresser, punjabi style...



Chineses, nepaleses, paquistaneses, indianos, coreanos...mas nem um "árabe!" - "Estarei eu num país árabe?" - pergunto-me .



Como rápidamente me foi dado a perceber...autenticidades e réstias do passado...até as há, mas poucas...



Indianos estabelecem as suas lojecas...



e a pouco e pouco caminhei para a zona "chique" e aristocrata da cidade...













A determinada altura, entrei no centro comercial "city center", capaz de rivalizar com o Colombo em tamanho...e era o último lugar onde eu esperava encontrar...isto!





Bemvindo ao "Nando's"! - lê-se na ementa.

Depois de alguma conversa, percebi que o Nandinho era um tuga, imigrante na África do Sul, que decidiu abrir uma cadeia de restaurantes.

Para além de trocar os 7 castelos de Afonso III por pagodes (tal qual nas bandeiras de portugal "made in china", durante o mundial) a comida pouco ou nada tem de portuguesa...a não ser talvez nos nomes...ora vejamos



que tal um chicken prego?



Ninguém no restaurante sabia falar português, e quando perguntei a um dos empregados onde ficava portugal...sorri (um sorriso bem amarelo) quando me disse que ficava ao pé da áfrica do sul.

Por agora é tudo...mais há-de vir...daqui a bocado vou ter com um amigo sul-africano (não, não é o Nandinho) que conheci ontem à noite na discoteca.

sexta-feira, novembro 24, 2006

segunda-feira, novembro 20, 2006

Doha, Qatar...





Rodeado pela arábia saúdita, o emirato do Qatar é um dos poucos países do mundo onde não só não há impostos, como ainda existe uma renda para os nacionais...quem lá teve diz que o estilo de vida é demasiado monótono, relativamente ao do mundo ocidental...vou lá estar 3 semanas já a partir de sexta-feira...e o blog vai fervilhar de noticias!

É facto que os portugueses estabeleceram lá postos mercantis no séc. XV...mas as ruínas da nossa presença já foram à muito extintas...

Do Qatar, conheço a sua fantástica música...num excerto gravado pouco depois da primeira guerra do golfo por australianos que deambularam pelo mundo islâmico a capturar a essência da música tradicional daquelas paragens e eventualmente acabaram por gravar em Doha o seguinte exemplo:

sexta-feira, novembro 10, 2006

Novo Estúdio...

para "estrear" o nosso novo estúdio tivemos a ajuda de 3 valentes voluntários...que se submeteram à produção da Rita e à fúria da minha lente. Por enquanto vou mostrar só estas 3 amostras.




quinta-feira, novembro 02, 2006

[Porto] - Cidade Invicta, conquistaste-me

Considero-me um verdadeiro cidadão do mundo...e o Porto não é excepção!

Foi no passado fim de semana que fui pela primeira vez conhecer esta maravilhosa lacuna nas minhas viagens por portugal (como não fui sozinho, não vai para o meu blog de viagens solitárias).

A vontade de fotografar não superou o pouco tempo disponivel nem a necessidade de absorver a atmosfera da invicta, daí o repertório de imagens ser tão reduzido... mais que tudo tenho uma boa razão para lá voltar.

Ficou a marca de um lugar que respeita a sua história e vangloriza-a, devo dizer bem melhor que a minha cidade a qual, volta não volta dá umas valentes sovas no seu património.


é uma cidade lindissima, que transpira serenidade e...francesinhas.


O metro do porto (como orgulhosamente se lê nas placas) é um transporte moderno e bastante prático (pelo menos para nós, que dormiamos em Gaia), ao estilo dos "trams" de amesterdão.

A sua integração com o cenário foi feita de forma elegante e inobstrusiva...a cidade está de parabéns por um transporte agradável e verdadeiramente útil.

Irei voltar com mais tempo, para melhor fotografar e viver uma cidade que capturou a minha atenção.