domingo, dezembro 10, 2006

[Qatar] - "Miguel, viajar é olhar..."

... disse uma vez a sua mãe poetisa. Refiro-me a Miguel Sousa Tavares, um dos jornalistas cuja vida levada me causa alguma inveja...

Na sua aparentemente inexorável verdade, a senhora quis fazer do jornalista o viajante que nunca veio a ser.

Gostava de poder dizer que é próprio dos Migueis, a arte de aproveitar a viagem...mas seria presunção a mais até porque já conheci Luises, Ritas, Tânias, Lúcias, Sandras,Danieis, Lochans, outros que nem me lembro, enfim...uma miríade de gente com nomes diferentes a disfrutar a modos "de fazer inveja" sitios que por si só, não dariam recordações genuinamente boas.

Tento ter em mente essas pessoas que conheci, tento imaginar que estariam a viajar comigo, a influenciar o meu dia-a-dia, a puxar-me para conversar com fulano, ou a tecer um plano de aventura própria daquelas que um dia se irão contar aos netos.

Para mim, viajar é também conhecer pessoas...transmitir-lhes o que tenho de bom... fazer talvez com que elas também fiquem contagiadas pela doutrina do viajante solitário - esse individuo que por durante aquele período não ter companhia fixa... se esforça por ser a melhor companhia das redondezas, para ele e para os outros. A viajar aprendi que nunca estou sozinho.

Serge e Manal estão decididamente contagiados, segundo eles próprios. A minha curiosidade sobre o seu país (libano), a sua cultura, os seus hábitos e receios, e por outras tantas coisas que para as enumerar precisaria de passar a pente fino estas semanas que aqui "vivi"... Conhecê-los e tê-los como verdadeiros amigos é e continuará a ser um previlégio próprio para alargar enormemente os horizontes de qualquer português.

Este é Ammar, palestiniano, saudávelmente boémio e colega de trabalho de Manal na Deloitte & Touche... adora discursar e discursar em jantares sobre a situação do conflito israelo-árabe. A sua perspectiva, própria de quem viveu mais do que de perto o evoluir do problema na região, solta-se à medida da minha vontade de saber esta versão, diferente da que fomos habituados a seguir pelos media.

As minhas semanas têm sido passadas a seguir o conselho da senhora mãe do jornalista...e não só... a fumar xixa no souq, dentro das arcadas enquanto na rua principal, orgulhosamente em areia batida, a multidão passa com o frenezim próprio de pelo menos 5 diferentes linguas incompreensiveis.

A capturar a essência árabe, talvez um pouco esquecida pela cidade moderna, mas bem presente neste sitio (o meu dia-a-dia já nem conhece a ausência do souq).









Este senhor, com um nome que dito por ele soa a "camarada"... é o alfaiate responsável pelo desenho e execução da minha "Thobe"...a veste tradicional, amplamente usada pelos "cabeças de guardanapo".


Quase a chegar ao fim a minha estadia no médio oriente, quero deixar bem claro que a inauguração da minha casa vai ter xixa.

3 comentários:

McBrain disse...

Sim, senhor, isso é que é trabalhar!
:P

Agora a sério, alguns dos pretos-e-branco foram uma opção excelente mesmo!

Anónimo disse...

E teve mesmo!

McBrain disse...

Escreves quase tão bem como fotografas! :-)