quarta-feira, agosto 24, 2011

Até logo Avô

Nas minhas primeiras memórias neste mundo estou às cavalitas do meu avô, numa noite quente de Albufeira no meio da multidão entre os que amo.

Quando tinha mais ou menos 6 anos levaram-me ao stand da Citrôen - enquanto ele atendia uns senhores - entrei num visa novinho em folha e desci o manipulo do travão de mão. Já estava perto da vitrina em pânico quando fui salvo por ele.

Alguns anos mais tarde corrigia-me as braçadas na sala quando chegávamos à noite das aulas de natação.

Quando tirei a carta, estampei a carrinha de serviço dele noutro carro no parque de estacionamento do Pingo Doce. Em pânico, liguei-lhe e veio imediatamente ter comigo, tranquilizar-me e assumir todas as responsabilidades do acidente junto do dono do outro carro.

A sua constante escolha - delicada, ponderada - de postura perante mim e todos quantos ele amava fez de todos nós o que somos hoje. A sua visão verdadeiramente encantadora da vida  contagiou - mimou - todos - um por um.

Hoje não estou de luto - O meu avô não quereria esse tom de despedida - Ao invés estou a celebrar a invejável vida do homem que me concedeu a enorme honra de ser seu neto, cujo único arrependimento que carrega é a saudade que deixa.

Sem comentários: