Pouco depois de tomar o pequeno-almoço, combinei com Rashik, o motorista da empresa que me viesse buscar ao hotel para irmos à Kasbah, por volta das 16h. Falei também com Abdallah que me convidou para ir jantar na casa da sua familia, a poucos Km do hotel.
Para fazer tempo, fui ao ginásio (descarregar energias negativas) e depois aluguei um Catamaran durante uma hora (que estava um ventinho jeitoso)...
Rashik é um tipo impecável, super prestável, e embora tentasse parecer calmo e "trata-se de uma situação normal" não conseguia esconder o nervosismo por irmos à Kasbah, a zona "ruim" da cidade.
A Kasbah de Alger é o que Alfama deverá ter sido em tempos remotos, as semelhanças são avassaladoras e a traça das ruas parece ter sido desenhada segundo a mesma lógica (ou seja, tudo ao molho e logo se verá). Alfama já foi reconstruida inúmeras vezes desde que espulsámos os mouros de lá algures no séc XII ou XIII, e embora as suas fachadas e as suas mesquitas tenham sido adaptadas ao estilo português, o traçado original das suas ruas mantém-se fiel. A Kasbah é fascinante, suja, cheia de mitras, prédios "tombados" (onde é que já vi isto?), e "preciosidades" escondidas nas suas vielas escuras.
Este senhor carpinteiro é uma das pérolas da Kasbah que encontrei...faz móveis cuidadosa e apaixonadamente trabalhados para a população local (sim, que turistas nem vê-los)... a sua simpatia e trabalho fizeram-me encontrar o "souvenir" perfeito, este banco, com o detalhe que a fotografia mostra, por ele trabalhado, por pouco mais de 14 euros.
De volta ao hotel, Abdallah veio-me buscar 15 minutos depois e fomos a sua casa.
Abdallah vinha de uma familia abastada, dona de vários negócios na vila local, assim o retratava a enorme casa "apalaçada" onde viviam os seus pais e os seus dois irmãos solteiros: Mohammed (duh) e Fatma.
Senti-me um convidado de honra, o que me fez sentir muito embaraçado: pelos vistos os inumeros familiares (só homens) que estavam na sala a ver o jogo de futebol saíram em cortesia para "não incomodar" e foram para uma enorme mesa no jardim para a galhofa.
Para jantar, mulheres sentadas no chão e homens no sofá: coucous à moda argelina, até cair para o lado, depois melância e uvas (passadas mais de 12 horas, ainda não consigo meter mais nada no estômago).
Embora a postura entre homens e mulheres à mesa seja "à bruta", eles ajudam-nas na lida da casa.
meet Abdallah e Atika:
O tempo que estive com eles soube a pouco, tinha combinado com Rashik para me ir levar ao aeroporto às onze da noite portanto tive de me apressar, ficou o convite para passar uma noite de ramadão com eles em outubro, e a minha promessa de voltar .
Adeus Argélia, até breve:
Olá e adeus Frankfurt:
E é reconfortante estar de volta a casa:
Sallam Alekum e até Outubro.