terça-feira, setembro 05, 2006

[Argélia] - Argélia condensada

DOMINGO

A viagem via Frankfurt correu bem, foi lá que conheci o pai Abdallah de 36 anos e a filha Atika de 5 anos de olhos estupidamente verdes, ele nasceu na Argélia e foi viver aos 26 anos para os estados unidos, onde agora pratica medicina. Casou com uma Irlandesa-americana que se converteu ao islamismo por iniciativa própria. Foram a melhor companhia que alguma vez tive num avião...as duas horas e meia que demora a viagem de Frankfurt a Alger passaram num instante. A foto em baixo retrata o que melhor conheci de Frankfurt...a casa de banho do aeroporto!Meia noite de Domingo, quando cheguei a Alger, não estava ninguém no aeroporto à minha espera como combinado... Abdallah e a sua familia que o esperava no aeroporto foram impecáveis e ofereceram-se para me levar ao hotel - "muito boa zona em que fica esse hotel, a mais segura de toda a Argélia!" - e lá fomos nós, num carro muito pequeno e antigo mas valente...tipo peugeot 105, atufulhado de malas e de gente, a caminho do Sheraton Club des Pins a meio da noite. Chegada ao hotel, ficou a promessa de um telefonema para nos voltarmos a encontrar, e muitos agradecimentos e sorrisos.

FIM DE DOMINGO

INICIO DE SEGUNDA-FEIRA

acordei cedo na cama king-size, tudo aquilo não cheira a Argélia...parece que estou numa jaula de cristal, lá fora o pandemónio e eu completamente seguro...a receber a versão "light" da Argélia.

Ginásio, piscina e praia...chega disso, dirigi-me à saida do hotel para perguntar por um taxi...quando disse OK ao taxista quando ele me propos 1000 dinares para ir até ao centro ele ficou perplexo...pelos vistos este preço só é aceite por gajos engravatados e gordos...perguntei-lhe se havia por ali taxis mais baratos e ele indicou-me a portaria do hotel.

Em conversa com o Segurança da portaria fiquei a saber que a forma mais barata de sair do hotel será apanhar um táxi do "black market"...ficamos ali à espera cerca de 20 minutos até que ele avistou um dito taxi desses...era um peugeot 105 todo ferrugento, sem fechaduras nas portas (talvez à muito arrancadas pois dava muito trabalho a rodar a chave). por 500 dinares levo-te onde quiseres, disse-me o gordo ceboso... mais um Mohammed...este era completamente fundamentalista...um homem é para ter contacto só com a sua esposa e mais nada. Ou seja, o gajo tem 28 anos e é virgem. Acho que ele passou a ter-me odio de morte quando me perguntou "tu aimes les filles?" e eu expliquei-lhe que era normal na minha cultura termos um periodo alargado de "experimentação" com o sexo oposto.

Certo é que o tipo deixou-me no meio da selva, esta foto em baixo retrata esse momento:


parece bonitinho, réstias do colonialismo francês mas é muito muito muito feio...sujo e não consigo encontrar encanto nenhum nesta capital (e normalmente sou pouco exigente)


Em todo o lado parece haver um Mohammed para nos assaltar, os policias estão -se a borrifar para tudo e cheira tudo muito mal...acho que o sitio mais engraçado em que tive foi este mercado:

Alger é uma cidade costeira, e podia ser maravilhosa, tem tudo para isso...uma bela encosta virada para o mar, a maravilhosa arquitectura muçulmana...mas em vez disso é uma mistura de arquitectura francesa a cair de podre com blocos de cimento vindos sabe allah de onde e nhanha por todas as ruas! (para não falar dos manhosos que andam na rua com ar de mitras)


A decadencia numa réstia de colonialismo:







À tarde fui ter com os alemães e com o francês (ele está residente cá em Alger)

Jantar, borga e ...

FIM DE SEGUNDA FEIRA

INICIO DE TERCA FEIRA

... acordar cedinho para estar aqui no escritório da siemens a preparar a reunião de hoje à tarde.

próximos planos: ir à Kasbah (zona antiga da cidade, tipo alfama segundo vi em gravuras...mas para ir lá é preciso um guia armado - não estou a brincar -).

5 comentários:

Anónimo disse...

Excelente exposição. Estou para ir a Alger em Fevereiro e conseguiste deixar-me cheia de esperança... de regressar viva!!

Got the picture!
;)

Xana

Relógio Adiantado disse...

Para uma mulher vai ser bem mais duro do que para um homem, desejo-te boa sorte e força de vontade ;)

Não podias escolher nenhum país melhorzinho para ir? Marrocos é já ali ao lado e é maravilhoso...tunisia, egipto?

:)

Anónimo disse...

Bom, quanto à condição feminina no mundo muçulmano, nada há a fazer. A adaptação é essencial e se estamos perante uma cultura diferente, temos de mostrar respeito pelos costumes locais e vejo o lado positivo: não há necessidade de burka!

Decisão estratégica: em Marrocos há concorrência, na Argélia há oportunidade. Por mim, teria escolhido Maldivas, mas o mercado é escasso. A vontade... essa... é inesgotável. :)Xana

Relógio Adiantado disse...

Ok, desde que não decidas ir para lá viver, acho que deve dar para aguentar.

(eu também sou biased, estou agora em Seattle até Dezembro e só conto os dias para voltar para Portugal...que não trocava por nada)

Anónimo disse...

Acho que seria muito difícil viver num país onde a Mulher ainda é muito vista como uma propriedade do seu marido (fora todos os outros "extras"). No entanto, se estamos num país de costumes diferentes, temos de adaptar-nos e tirar o maior proveito possível da situação.

São estas as circunstâncias que nos formam, não só como pessoas, mas como profissionais. Nada melhor que conhecer as pessoas no seu meio, onde tudo é natural e a postura é de confiança.

De qualquer forma, ainda o faço muito pouco e daí as dificuldades profissionais... outras "estórias"...

Seattle... a génese dos Pearl Jam, manda cumprimentos ao Eddie! :) E tenta ensinar ao Bush que a melhor política que ele pode seguir, é isolar-se em casa sem sequer pensar. :)